segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Justiça Eleitoral recebe denúncia contra candidato suspeito de ligação com PCC

27/09/2010 - 18h28

Justiça Eleitoral recebe denúncia contra candidato suspeito de ligação com PCC

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DE SÃO PAULO
A Justiça Eleitoral de São Paulo recebeu hoje a denúncia oferecida pelo Ministério Público Eleitoral contra o candidato a deputado federal Ney Santos (PSC) por oferecimento de vantagem em troca de votos.
Ex-detento que ficou preso entre 2003 e 2005 por roubo, Claudinei Alves dos Santos, 30, é acusado pela polícia de usar seus postos de gasolina, uma ONG e uma factoring na lavagem de dinheiro e de ter elo com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
De acordo com a denúncia recebida hoje pela Justiça Eleitoral, Santos teria oferecido vale-combustível em troca de votos, quando participou de um churrasco, no último dia 12, realizado em creche conveniada da Prefeitura de São Paulo, na zona Sul da capital.
O local fica a 900 metros de um posto de combustível que pertence ao candidato e a um sobrinho dele.
Silveira recebeu a denúncia preliminarmente. O candidato tem dez dias para apresentar sua defesa.
Após análise da defesa, o juiz confirma ou rejeita a denúncia.
Cabe recurso ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
SALVO-CONDUTO
Na última quinta-feira o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a Santos um salvo-conduto, em um pedido de habeas corpus.
O objetivo foi revogar o pedido de prisão temporária expedido contra ele no último dia 17. Segundo o TJ, ele não pode ser preso por causa da lei que impede a prisão de pessoas até 48 horas depois do encerramento da votação de 3 de outubro.
A análise inicial dos documentos apreendidos na quarta-feira pela Polícia Civil em uma operação contra o candidato aponta que ele movimenta R$ 6 milhões por mês com sua rede de 15 postos de combustível.
Desde quando saiu da prisão, Santos juntou, segundo a polícia, patrimônio de mais de R$ 100 milhões.
O candidato teve todos os seus bens bloqueados por ordem da Justiça, inclusive uma Ferrari de R$ 1,4 milhão, por ser suspeito de usar 'laranjas' no seu esquema.
CADASTRO DE ELEITORES
A polícia começou a investigação com a denúncia de que Santos cadastrou 100 mil eleitores que passaram por seus postos nos últimos seis meses para trocar combustível por votos.
Segundo a investigação da polícia, Santos usa seus postos para vender combustível adulterado com a adição de água para 'multiplicar' o produto.
Outra suspeita é a de que Santos usa suas empresas para fornecer atestados falsos de emprego a presos que estão no regime semiaberto e precisam estabelecer vínculo empregatício para deixar a prisão de dia e voltar à noite.
Em 15 de agosto deste ano, PMs apreenderam na zona sul de São Paulo um Palio Weekend com 40 tijolos de maconha (34 kg) que, segundo investiga a polícia, iam ser distribuídos em um evento de Santos.
O pedreiro José Maria Moreira Gomes, 26, foi preso com a droga e disse à polícia que a maconha era, sim, para ser dado em um evento da campanha de Santos.
Ontem, o advogado Francisco Assis Henrique Neto Rocha, defensor de Santos, disse que 'as acusações da polícia contra seu cliente são atos desesperados por nada ter sido achado contra ele e também porque Santos será eleito'.
O policial civil Luis Fernando Ferreira de Souza, que atua na zona sul de São Paulo, foi identificado como um dos homens que fazem a escolta pessoal de Santos.
Até a operação contra Santos, na quarta, o policial Souza, que está em férias desde agosto, distribuía santinhos com sua foto e a do candidato, a quem declara apoio. Souza não foi localizado.
Um dos políticos que fazem 'dobrada' com Santos é o deputado estadual e Said Mourad, também do PSC e membro da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de SP. Procurado, Mourad não atendeu ao pedido de entrevista.
Em 2003, o agora político Ney Santos foi preso em flagrante quando roubou malotes de uma transportadora de valores de Marília (435 km de São Paulo). No crime, ele portava uma metralhadora 9 mm, segundo a polícia.

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