As manifestações contra a corrupção transformaram este Sete de Setembro no Dia da Independência da nova geração
Estive
na Avenida Paulista, moldura do emocionante ato de protesto contra a
corrupção endêmica e impune. Vou escrever mais sobre asmanifestações desta quarta-feira. Mas
o que vi no coração de São Paulo já me autoriza a afirmar que acabou de
nascer um movimento destinado a alcançar dimensões semelhantes às
atingidas pelas campanhas que reivindicaram a anistia, a volta das
eleições diretas para a Presidência da República e o afastamento de
Fernando Collor. Desta vez, o alvo imediato é a imensa constelação de
quadrilhas formadas por assaltantes de cofres públicos. Não é o único: a
paciência com o espetáculo da desfaçatez vai chegando ao fim.
Daqui
a muitos anos, a História lembrará que, em 7 de setembro de 2011, ao
som do Hino Nacional (veja o vídeo abaixo), foi proclamada a
independência da novíssima geração de brasileiros. Amparada na internet
como instrumento de mobilização, desvinculada de partidos políticos
envelhecidos e envilecidos, separada por uma distância abissal de
conceitos ideológicos caducos, a multidão de jovens, engrossada por
veteranos de belos combates e indignados de todas as idades, mostrou-se
disposta a provar que, apesar de tudo e apesar de tantos, o Brasil tem
jeito. Vem
aí a segunda rodada de manifestações, marcada para 12 de outubro. Sobram
motivos para acreditar que será maior e ainda mais animadora que a de
hoje.
O
grande clube dos cafajestes, convém ressalvar, não será fechado
imediatamente. Mas ficou evidente, neste Sete de Setembro, que vai
demorar bem menos do que se imaginava a hora do acerto de contas entre
os que cumprem a lei e a bandidagem com padrinhos poderosos. Os
corruptos da classe executiva sempre acreditaram que foram condenados
desde sempre à impunidade perpétua. Acabam de saber, pela voz rouca das
ruas, que a licença para roubar sem medo de cadeia não é irrevogável.
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